A Alcácer-Quibir de Muricy

Posted: quarta-feira, 24 de junho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
0

Por que precisamos sempre nomear uma única pessoa pelo sucesso ou insucesso de alguma coisa? No futebol temos heróis e vilões todos os finais de semana. A bola da vez é o técnico Muricy Ramalho, recém demitido do São Paulo Futebol Clube e culpado por ser desclassificado do Campeonato Paulista e da Libertadores.
Tenho comigo que isso se dá, talvez, pela herança de nossa colonização portuguesa, o português é um povo saudoso e messiânico. O messianismo português está centrada na figura de Dom Sebastião, rei que liderava o exército luso e desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, foi, e é esperado ainda hoje por alguns, para conduzir o povo português rumo ao Quinto Império. Jesus Cristo é o Messias do povo cristão, existem até algumas placas dizendo: Jesus está chegando ...
O mais interessante que essa “filosofia” acaba por influenciar todos os setores de nossa vida, esperamos sempre alguém para resolver os problemas, um salvador, que pode ser um prefeito, um governador ou um presidente, na época de eleição isso fica nítido, quando percebemos como o povo defende seus candidatos, ou nas manifestações calorosas e regadas à lágrimas como foram de Lula e de Obama, recentemente, mas pode ser um empresário que vai resolver os problemas financeiros de uma empresa, pode ser um homem para resolver os problemas de uma mulher ou vice-versa e assim por diante.
Acho que isso é o maior problema brasileiro, por que quando ficamos à espera de um salvador para limpar a nossa bagunça, esquecemo-nos que os problemas pode ser resolvido por nós mesmos.
No futebol esse messianismo, me parece, mais forte, até da imprensa especializada, espera-se sempre um Dom Sebastião travestido, principalmente, de outras faces: Romário, Ronaldo, Kaká, Robinho, Parreira, Felipão, Muricy Ramalho, e por que não Ricardo Gomes?

Leitor, quem fala a verdade?

Posted: sexta-feira, 19 de junho de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
0

o Poeta.

não se enverga
não se vende
não se deleta

Nele há toda sina de ser sempre semente
com o som subvertido em fôlego
com a luz trasgredindo o prisma
- dele é toda lira.
Vagabundo filho do esmero
o verso é tua família

O poeta é o ser vivente sem função final ou pretexto
Palavra é matéria prima sem mais valia, com mais segredo

O poeta é o sujeito templo
- seus sinos soam transcendência
O poeta, sujeito do tempo
- ao centro seu relógio
é vanguarda e anacrônico
A palavra é tempo-signo
- de fabulosa arquitetura
O poeta é filtro no tempo
- absorve, vela o contexto
A palavra sujeita ao tempo
- inverte significados
converte paradigmas

A palavra infinita-se neste infinito, corre e transpassa o medo
O poeta finda neste finito: morre, mas nos deixa o texto.

A violência da não violência

Posted: quarta-feira, 17 de junho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
3

Durante o feriado, assisti ao filme Mollière cujo um dos temas era o conflito de um conde que tinha título, mas não tinha dinheiro, tentava arrumar um casamento para seu filho com a filha de um comerciante que tinha dinheiro, porém não possuía título algum.
No domingo, fomos, eu e minha família, levar minha sobrinha para sua casa que fica em um condomínio fechado, ao sair um dos moradores veio em direção ao meu carro, colocou o braço para dentro e bateu em minhas costas dizendo que ultrapassei a velocidade de dez quilômetros por hora. Achei que era brincadeira, lógico, só isso justificaria tamanha ousadia, fiquei olhando pelo retrovisor à espera de reconhecer o cidadão e, também, à espera de ele vir me cumprimentar, com um sorriso no rosto e dizer algum nome ou lugar familiar. Ainda acreditando se tratar de uma brincadeira, perguntei sobre a existência da placa de dez quilômetros, só ao ver o andar agitado do cidadão percebi que o negócio era sério.
Então me senti agredido, quem deu lhe direito de entrar no meu carro, minha propriedade, e tocar em mim? Estacionei, nisso meu cunhado e outros moradores apareceram por lá e o guarda/morador/agressor simplesmente disse não ter feito nada.
As coisas ainda não se resolveram, mas me sinto feliz por não ter revidado a agressão, coisa rara hoje em dia. Não revidei por perceber tarde demais que o lance era sério, mas isso foi muito bom, porque não gostaria que minhas filhas, que ouvem de mim que a violência sempre é desnecessária, presenciasse minha incoerência.
Não é o fato de morar em um condomínio de luxo te faz ter educação, classe e fineza, o fato de agir com a não violência, às vezes, é a maior violência que se comete.

Meu Direito à Idiotice

Posted: quinta-feira, 11 de junho de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores: ,
1

Venho publicamente defender meu inalienável direito de ser idiota. O faço baseado em preceitos elaborados por vocês, intelectuais e eruditos, defensores da liberdade de escolha e o caralho à quatro. Vejam, eu, que sou idiota, pressuponho que, se sou livre para escolher, sou livre para não escolher. Ora, de outra forma seria refem de minha própria liberdade, pois seria OBRIGADO a escolher a liberdade de escolha. Mas vocês não defenderiam uma ideia de liberdade tão idiota, pois, se assim fosse, eu, que sou idiota, seria mais mais livre que vocês.
.
Digam vocês o que devo fazer, mas não me digam "faça o que tu queres" pois isso não é ordem nem conselho. Já sei, querem que eu, idiota, leia suas poesias, seus livros, seus artigos, quando sequer vocês, intelectuais, o fazem? Mas a poesia, os livros, os artigos que escrevem não são para idiotas. Então querem que eu deixe de ser idiota? Mas sou livre, e a idiotice é um direito meu. Além do mais, não me incomoda. Incomoda a vocês? Aprendam a lidar com o incômodo. Então tudo bem, posso ser idiota. Conto finalmente com o consentimento de vocês. Sendo assim, guardem para os não-idiotas as coisas não-idiotas e respeitem meu direito!

André Prosperi

O inútil útil

Posted: quarta-feira, 10 de junho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
0

Há algumas coisas interessantes nesse nosso mundão, uma delas é o que caracterizamos útil ou inútil, prefiro a definição da segunda: (1 Que não é útil, que não tem préstimo (despesa inútil); DESNECESSÁRIO. 2 Infrutífero, estéril, vão (esforço inútil). 3 Que nada faz ou produz (diz-se de pessoa); IMPRESTÁVEL.) do Aulete digital.
Quando criança nunca fui um aluno brilhante, sempre fui, assim, seis ou sete, a matemática, química ou física, que me diziam ser útil, para mim, era inútil, mas sempre fui de ler bastante, principalmente, livros infanto-juvenis (aquela série Vaga-lume, até a minha época li todos, menos os que eram do Xisto que eu odiava) e romances policiais: Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle (o autor de Sherlock Holmes), quadrinhos do Batman, Super-Homem, Homem Aranha e revistas sobre Ufos, tudo isso seria considerado inútil sob um manto de cultura clássica, se posso assim dizer.
Depois que cresci adquiri novos hábitos, como ler alta literatura e escutar boa música, à medida que minha biblioteca e minha discoteca, na época eram os Lp´s, iam crescendo, minha mãe falava que eu só gastava dinheiro com bobeiras, ou seja, coisas inúteis. Percebo que minhas raízes culturais foram fincadas ali, quando preciso de uma referência geralmente é de algo que tive contato nessa fase, lógico que isso não é regra, mas tenho certeza que se não tivesse lido o que li, escutado o que escutei não teria as ideias, as opiniões que tenho e, principalmente, não seria o que sou hoje.
Talvez ainda não saiba diferenciar o útil do inútil, mas sei o me que foi e é útil, foi e é considerado inútil para muitas pessoas e que hoje não troco o meu inútil e o meu útil por nada, ainda mais sabendo que o meu inútil é útil.

Ronaldo e peitinho...

Posted: quarta-feira, 3 de junho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
1

O riso traz inúmeros benefícios para nossa vida, além da sensação contagiante de bem estar, melhora o fluxo sanguíneo, reduz o estresse, estimula os músculos da face, costas e do abdômem e aumenta a criatividade e a imaginação. O grande problema é quando se tem o riso a partir de chacota, grosseria e desrespeito para com outras pessoas, e, principalmente, quando isso parte de “humoristas” – como se fosse fácil ser humorista -, de programas de televisão.
Esses programas, infelizmente, são assistidos por muitas pessoas. Aqueles realmente bons não são. Já repararam? Por quê? Mas não posso dizer por aí que sou contra esses programas, pois irão me tachar, primeiramente, como chato, rabugento, ranzinza, mal humorado e, depois, de antidemocrata. Dirão, eles, para mim “Onde anda a liberdade de expressão?” Então, pergunto: “Qual o tipo de contribuição desses programas para a sociedade brasileira?” Nenhuma, pelo contrário, não trazem informação nem conhecimento, apenas a alienação.
Todos se mostram preocupados com os problemas que assolam nosso país, nosso tempo e nosso mundo, porém uma grande parte de nossos jovens que vão herdar todos esses problemas, sequer sabem da existência deles, mas repetem os bordões de personagens e apresentadores desses educativos espetáculos televisivos, repetem como os papagaios fazem, muitas vezes por dia e sem o mínimo de reflexão a respeito do que sai de suas bocas, até mesmo porque não há muito para se pensar.
A justificativa para isso está nos benefícios do riso, concordo com que todos nós devemos rir e muito, mas não de tudo, pois a linha que separa a felicidade da bobeira, a alegria da idiotice não é muito extensa, enquanto uns riem, nós que realmente nos preocupamos com o futuro de nosso país e de nossos jovens só nos resta chorar?
Ronaaaallldo... Peitinho... Ah há há!