a última prece

Posted: segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Te peço, oh Deus, não quero mais a dádiva
Retira-me o sabor desta amarga fruta
qual malícia consome essa íris ávida
hostiliza a alma e a humana conduta


Se Tu criaste a dor, sou eu a Criatura?
Renuncio, então, tua vil sabedoria
que me expõe dúvida sob a face pura,
condena-me a noite turva após o dia


Cuspo a carne da maçã envenenada
tirou-me o centro, deixando-me a beira
duma verdade pouco tudo, muito nada


Oh Deus Mito – sei – não conheço outra via
Tu és o Grande Signo, quiçá brincadeira
Porém, resta-me rogar: mim dá ingnorância.




Roberta Villa

Galeria de humanoteratos

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Vocês apontam os gatilhos para os outros atirarem
Então vocês se afastam e assistem enquanto a contagem dos mortos aumenta
Vocês se escondem em suas mansões enquanto o sangue dos jovens escorre pelos seus corpos e são enterrados na lama
Bob Dylan


Mas pra quem sabe olhar a flor também é ferida aberta e não se vê chorar.
Chico Buarque
Aqui jaz o enviado dos bairros da miséria
descreveu os atormentados do povo
E aqueles que o combateram
O que foi educado nas ruas
O de baixa extração
Que ajudou a abolir o sistema de Alto e Baixo
O mestre do povo
Que aprendeu com o povo.
Brecht



Não é o medo da loucura que nos forçará a largar a bandeira da imaginação
André Breton


Amor não é aceitar tudo.
Aliás, onde tudo é aceito desconfio que há falta de amor.
Maiakovski