Pedreira

Posted: quinta-feira, 29 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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No meio do caminho os analfabetos, favelados
e a vitória democrática do sufrágio

No meio do caminho os mal pagos, viciados
e as horas passadas de tormento e trabalho

No meio do caminho os andarilhos incorrigíveis
extraviando vossas pernas, pêlos, partidos

Os anormais persistem
com flores e fardas infantis

E o caminho continua lá
imóvel imutável
feito pedra
dura, a encarar o sujeito.

Estilingue e molecagem

Posted: by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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As nuvens formavam um peculiar labirinto
jamais deveria te-las violado
munido desta instrumentária

Jaz sobre mim uma gota
pesada certeira
caldalosos esgotos
e goteiras
grosseiras
enxurradas
Sobre mim há um cheiro
de fossa e enchente

- Profanar os profanos é o maior pecado
injuriar os dementes é o maior pecado
apreender os divinos é consumar o calvário -

Se seu soubesse que não se volta ao passado
a palavra vale prata
mas o silêncio é impagável

Nunca tive coragem
para naufragar um barco
só que hoje, justo o Hoje
com sua urgência e seu atrazo
tornanou-se um mostro mitológico
vindo dum ciclone d`água
emblemátco enigma do rodamoinho
( a vida neblina; inda preciso navegá-la)
Ah! me rendo
simplesmente abrindo o ralo
vi passar adiante todos
meus planos manchados
dissolutos
papéis apagados.

Enfim pensei sobre minha morte

Então a juventude ficou para traz.

Tarde de Autógrafos

Posted: by Fabiano Fernandes Garcez in
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A Livraria Café e Cultura convida você para a Noite de Autógrafos dos livros Baque e Cinco lugares de Fúria, com os autores Fábio Weintraub e Pádua Fernandes respectivamente, no dia 31/10/2009, às 17h, entrada franca.


Em 'Cinco lugares da fúria', o poeta Pádua Fernandes apresenta as etapas de um périplo anticidadania. De um mundo traficante de exílios, passando pelo cadáver insepulto de imigrantes clandestinos mortos no deserto, por zonas de classe média onde pedintes são assassinados, entre outros lugares, chega-se ao aborto do espaço público. Por tais regiões inóspitas, que convergem para a distopia, o poeta transita.

Pádua Fernandes. Nascido no Rio de Janeiro em 1971, vive em São Paulo, onde é professor universitário. Foi colaborador da extinta revista portuguesa de cultura Ciberkiosk e integra o conselho editorial das revistas Jandira (Juiz de Fora) e Cacto (São Paulo). É autor de O Palco e o Mundo, poesia (Lisboa, Edições Culturais do Subterrâneo, 2002) e é organizador e autor do posfácio da antologia de Alberto Pimenta, A Encomenda do Silêncio (São Paulo, Odradek Editorial, 2004).


Em baque, Weintraub radicaliza a poética de seu livro anterior, Novo endereço (2002), abrindo mão de nomear sua paisagem íntima para dar voz a uma outra intimidade: a de prostitutas, motoboys, doentes, ex-modelos, mendigos, idosos, entre outros seres que vagam entregues à própria sorte. Por meio de uma escolha muito precisa de imagens, ritmos, dicções, estes versos cristalizam — no melhor sentido da palavra - a experiência do espaço social degradado de uma grande metrópole.
Nesse sentido, "Fotografia" parece ser um poema emblemático do livro: "De cócoras/ como quem ora/ ou pragueja/ sob a marquise/ a mulher// Oculta/ pelos caixotes/ embriagada/ entre sobras de repolho// Pela calçada em declive/ cachorros lambem o chorume// Penso na foto/ franzindo a testa// solidário/ imprestável". Pois é exatamente dessa "inútil" solidariedade que parecem nascer os versos de Weintraub, em cuja linguagem límpida e exata o grotesco aflora — veja-se o assombroso "Transplante" — como expressão contemporânea da subjetividade


Fabio Weintraub nasceu em São Paulo, em 1967. Psicólogo pelo Instituto de Psicologia da USP, com formação em psicanálise, atualmente cursa o mestrado em Teoria Literária na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma universidade. Publicou os livros de poemas Sistema de erros (1996), vencedor do prêmio Nascente em 1994, e Novo endereço (2002), que recebeu os prêmios Cidade de Juiz de Fora, em 2001, e Casa de las Américas, em 2003. Trabalha como editor em São Paulo.


Livraria Café & Cultura
Av. Dr. Renato de Andrade Maia, 765 – Parque Renato Maia – Guarulhos – SP.
11 2229-0376

Literatura de Cordel

Posted: quarta-feira, 28 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in
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Aproveitem!

As mães com suas filhas

Posted: terça-feira, 27 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Eu vi as mães com suas filhas quando moças
e as moças me mostraram
o retrato
de suas mães quando moças
com elas bebês em seus braços
- de mães moças
que carregam no fôlego do ventre
tanta vida e tantas cores,
tantos ares como um fardo

Eu vi as moças com suas mães envelhecerem
e as cores amarelarem
e os ares acinzentarem
mas o retrato continua o retrato
das mães quando moças
com seus bebês nos braços

E vi as moças e seus bebês e sua mães
e sei que um dia ainda verei
os bebês com seus novos bebês
e retratos

E as mães com seus corpos de aço
com seus filhos crescidos, criados
criarão também rugas de tédio
talento e cansaço
findará – se o ciclo de seus ovários
os seios se secarão
mas restará o legado

tudo se evapora, dissolve na vida
menos o retrato
das mães quando moças
com suas filhas nos braços.

Fênix

Posted: quinta-feira, 22 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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do inverso do cerne concreto
do reflexo do fluxo da alma
O bom verso se faz
alado!

é o todo aliado ao nada
é o fogo fulgurando seu carma


- o silêncio transcendido na chama.

Cada um tem o ídolo que merece

Posted: quarta-feira, 14 de outubro de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Lembro-me sempre dos versos de Cazuza: Meus heróis morreram de overdose... Os meus nem todos morreram assim, uns sim, outros morreram de mortes naturais, outros foram assassinados e outros de causas diversas, porém muitos ainda vivem.
Um dos que já faleceram, me marcou muito, com sua música, com seus versos e, principalmente, por perguntar a todos que conhecia que livros ele estava lendo, não sei o porquê, mas isso influenciou muito minha juventude, pois se a leitura é importante para o Renato Russo ao ponto de ser a primeira informação a querer saber de alguém, deveria ser importante para mim e eu que sempre li muito, passei a ler mais ainda.
Isso é passado, Renato Russo e Cazuza foram ídolos do passado, hoje os tempos mudaram, Talvez a primeira coisa a se saber de alguém é onde ele malha, onde faz lipo, onde se brônzea e por aí vai. Os novos ídolos são mais preocupados com a beleza estética do que a beleza intelectual.
Um fato acontecido nos faz pensar, os que ainda pensam, em um dos seus programas de televisão, vi pelo CQC em seu TOP 5, Silvio Santos perguntava a Carla Perez uma palavra a respeito do Alasca e ela disse: praia. Isso gerou até uma brincadeirinha do dono do baú, mas ela não parou por aí, depois associou Baco a barco e grande canal ao rio Tietê, só lembrando que a moça é a mesma que em outro programa pergunta a uma telespectadora se a letra era I de escola, depois ela ainda fala se era E de isqueiro.
Ela continua ser uma moça de glúteos grandes e bonitos, será que só isso é suficiente para ser um ídolo brasileiro? Cada um, ou cada povo tem o ídolo que merece!

A Catequista

Posted: terça-feira, 13 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Em qual brecha, qual cochilo meu
você – xereta - aconchegou-se neste
fugaz coração ?
Agora sou sarjeta inerte, ultrajado
esperando tua gorjeta,
sou um fantoche paisano e gentil


Qual saída ou saidera conduz-me a teu paço ?
O que anestesia, paralisa teu esplendido passo ?
Não há sossego
tua face é majestade onde floresce meu apego
Espontâneo meu caminho de ser o excêntrico servo
bobo da corte sozinho


Suave o teu traje:
num tecido de cetim, um vestido bege
Maquiada de virgem oscilando o consenso
da vertigem obscena e do trejeito angelical
Talvez tua proeza está no justo deslize
de catequizar o imoral


Você é o êxtase dum sentimento framboesa
narcótica cor cereja de uma ânsia
corrompido néctar de jiló
gelo, queima ácido
Estende-me uma luxuria como um firme aço
Um querer inesgotável, diariamente assíduo


Qual jejum me purifica ? desconheço
Qual monge traz a paz ? a consciência confusa
Qual xarope me cura? anulo toda ciência
Qual pajé me guia? não assumo culpa
Qual sargento me dá ordem?
vou matar o meu algoz !


Obcecado, discipulado teus atos
tão docentes
Minha indecente pretensão instintamente acende
Desperta-me um fascista tosco, não dispersa
Um fanático terrorista, voraz cafajeste
dizendo: não desista”


É a tua catequese que instiga
a nua vil beleza do suor impuro
Todo sujeito esconde um sentimento brejeiro
lama pro predicado sujo
Rixa com a vida alheia não me interessa
Só um desabafo laxativo - ninguém no mundo presta!


Desculpem o desacato estou louco, sem juízo!
Não desprezo os santos, não ironizo os puritanos
nem quero perder o paraíso
Mas conheci ti, o Éden, e preciso morder a maçã
Minha inocência se afrouxa com a práxis do profano
apesar de toda reza.

A Lenda do Menino Gênio

Posted: segunda-feira, 12 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Prove a maçã imatura
e envenena-te do caldo
de tua própria criatura
da salíva de tua falácia
que envolve e deglute as teorias.
Em verdade te digo
o sangue da tua língua, então, mordida
Ilustra uma dor tão enrustida
em teu ego delira,
te deixa tão azedo
- doença de alibido

Conheço quem se ache gênio
Ora, mas que falta de engenho
que visão mais curta
muito bem demonstra
o desdobramento
do pensamento pequeno

O saber quando é sublime
não se personifica
se derrama em sua história
usurpa corpos predispostos
em diversos lugares e momentos
Ora, pode um homem
único homem
ser assim tão onisciente?

Declarado, o gênio reflete
a ignorância mais insegura
O gênio desta espécie
é a cabeça duma mula

O gênio ao espelho
é o saci e a curupira
com todas suas pistas
e todo seu mistério
que ningém aprisiona
não cabe em recipiente hermético
não se captura
a esfera da sua sofia e ciência
a atmosfera de desmentira e inverdade
que só o mito e a arte
articula



Pode o gênio ser e estar
num único homem carne e credo ?
Busco tão somente o gênio
quando percebo-o numa estrutura
-camada para além da humanidade
de signo, sol, sombra e linguagem.

Acidental

Posted: quarta-feira, 7 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Sim, inventaram a pulseira
que pulsa amarrada ao pulso:

Tic-tac, tic-tac, tic-tac, a vida
Tic-tac, tic-tac, tic-tac, a veia
Tic-tac, tic-tac, o trânsito louco desta via
Tic-tac, tic-tac, tic-tac-trec, BUM!

-o acidente desta alucinada mania
de contra o tempo contraindo a artéria.

Roberta Villa

2016: A olimpíada do Lula!

Posted: by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Quer queiram os críticos ou não, o Rio venceu Madri, Tóquio e Chicago na disputa pela Olimpíada de 2016. A quem devemos creditar essa vitória? A Lula, claro.
Apesar de ser muito criticado pela imprensa tupiniquim e também, pelo Zé Povinho, que muitas vezes repete que ouve na televisão sem saber o que está falando, Lula é um líder respeitadíssimo fora do Brasil e transmite muita confiança para outros líderes e, principalmente, para instituições internacionais, não é por acaso que Obama se referiu a ele como: O cara! Não tenho como garantir, mas se fosse outro presidente, o Brasil não sediaria nem a Copa de 2014, mesmo sendo o país do futebol.
Alguns críticos estão dizendo que com os problemas que o Brasil tem, não deveria gastar milhões com os jogos olímpicos, porém se até agora nunca houve uma olimpíada, por que ainda temos esses problemas? A real questão é que esses críticos elitistas preconceituosos, não conseguem suportar a ideia de que um brasileiro, nordestino, sem um dedo, que escorrega na concordância verbal e agora deu para enfiar “ou seja” em toda frase , conseguiu fazer justiça social no mundo! Coisa que nenhum sociólogo afrancesado da USP fez! É a primeira olimpíada na América do Sul!
Não votei no Lula e encontro inúmeros defeitos em seu governo, mas é inegável que é um grande estadista. E para utilizar metáforas lulantes, o Rio de Janeiro deve fazer como aquelas mulheres que são lindas por natureza, mas estavam um pouco desleixadas, sem auto-estima e apanhando dos maridos fazem quando são convidadas para ir a um casamento. Vão a um salão de beleza, passam o dia todo lá e chegam ao Buffet deslumbrantes, depois vão pagando as parcelas do cartão de crédito ou os cheques pré, se der!