A certeza da inexistência da inspiração

Posted: quarta-feira, 26 de agosto de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Alguns dizem que o que move o artista é a inspiração, porém diferente de muitos, sei que ela não existe. Se existisse seria fácil demais criar algo, bastava esperar sua graça para que um artefato, uma pintura, uma escultura, ou até mesmo uma crônica surjisse. Caso contrário não seria culpa sua, a inspiração é que lhe faltou, mas não é bem assim. Segundo uma frase do iluminado inventor Thomas Edison: “A genialidade é 1% inspiração e 99% de transpiração".
Comecei a escrever meu texto sobre a descriminalização da maconha na Argentina, fiz umas 180 palavras, estava horrível, parecia redação de aluno primário, então a apaguei. Depois iniciei outra sobre algo que adoro e recorro sempre quando não tenho o que escrever: As curiosidades de nossa língua. Mas não saí do primeiro parágrafo, essa não apaguei, também não corrigi os erros, sem o termor do produto inacabado, aqui está:

Já reparou, caro leitor, que nossa língua não é lógica? Existem algumas coisas interessantes que não me tiram o sono, porém me colocam em profunda reflexão. Ao analisarmos algumas expressões cotidianas, exemplo: Sabor de pizza. Como alguma coisa pode ter sabor de pizza se a pizza é um alimento de diversos sabores? Alguns poderiam dizer que é o sabor da pizza original, ou seja, molho de tomates, queijo e orégano. No entanto se ligarmos para uma pizzaria e pedirmos uma pizza, a original, logo escutaremos um: de quê?

Assunto não me falta, poderia escrever sobre a Gripe Suína, a guerra das TVs, o Senado, ou muitas outras coisas, acontece que quero escrever algo não genial, mas diferente das informações das quais somos massacrados diariamente pelos meios de comunicação de massa, contudo pela inexistência da inspiração acabei transpirando para escrever sobre minha incapacidade de criar uma crônica.

O clima louco de São Paulo

Posted: quarta-feira, 19 de agosto de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Meu pai sempre disse que em São Paulo em um mesmo dia temos as quatro estações. Não é para tanto, mas em alguns dias devemos estar preparados para tudo, por exemplo: você deve sair de casa com uma blusa ou uma jaqueta, porém com uma camiseta leve por baixo, porque ao meio-dia vai estar um calor insuportável, lá para o final da tarde chove, por isso um guarda-chuva é importantíssimo e no início da noite esfria novamente.
Quando trabalhei em uma empresa eu ia quase todos os dias a um departamento público na Marginal Tietê, no meio da manhã, entrava no carro e deixava o terno no banco de trás, dez minutos depois, ao encontrar o trânsito e o sol, a gravata ia para o banco ao lado, arregaçava as calças até os joelhos, um pouco mais de sol e trânsito lá se iam os sapatos, depois as meias, a camisa que já estava aberta e suada nas costas ia para o banco traseiro, chegando ao local era só se vestir novamente e correr para uma sala com ar condicionado.
Às vezes o que mais me chama a atenção é a maneira bem peculiar de se vestir de alguns. Além de ver botas e chinelos caminhando juntas, pessoas de sobretudo lado a lado com outras de bermuda e camiseta, tudo no mesmo ambiente. Sem contar as combinações mais surpreendentes: camiseta sem mangas com cachecol ou touca de lã, bermuda e jaqueta e o novo acessório: óculos escuros, mesmo na chuva ou à noite.
O paulistano é tão caótico em sua vestimenta quanto o clima de sua cidade, já deve estar acostumado passar frio e calor em um só dia, por isso mesmo não deve se importar de estar ou não com a roupa adequada.

Senhor reality show

Posted: quarta-feira, 12 de agosto de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Em quase todos os canais da TV aberta existem os Reality Shows, alguns criticam, outros (como eu) ignoram, mas na realidade eles existem e são assistidos por muitos que não têm o que fazer. São de vários estilos como de sobreviver dentro de florestas, enfurnados dentro de uma casa ou concorrendo a uma vaga de emprego.
Essa praga televisiva começou nos EUA (onde mais?) em 1973 e se espalhou pelo mundo afora, aqui no Brasil o primeiro estreou em 2000 e só neste mês temos cinco desses programas nas telinhas tupiniquins. O grande problema desses shows não é o programa em si, mas no que se tornam os participantes que são pessoas anônimas até então. Uns viram atores, outros apresentadores, tentam virar cantores, mas todos são tratados como celebridade, porém isso é assunto para outra crônica.
A maioria deles tem em comum é o fato de serem escolhidos dois participantes e a audiência vota em um para eliminá-lo, este sai do programa. Nessas votações são excluídos, geralmente, aqueles que são encrenqueiros, fofoqueiros, brigões ou preguiçosos, desde que não abaixe os índices de audiência do programa. Aliás, alguns dizem que nada no programa é verdadeiro, até as brigas são roteirizadas pela produção.
Proponho adotar esse estilo de reality show sem as manipulações (é claro) lá no senado o que acham? Dos 81 senadores escolheríamos dois por semana, segundo os critérios o parágrafo anterior, e a população votaria em um que seria eliminado, já que eles não são competentes suficientemente para isso, nós faríamos, falando por mim, com muito prazer.
Só nessa última semana teríamos três para escolher apenas dois, seriam o atual presidente do senado José Sarney e os brigões Renan Calheiros e Tasso Jereissati. Assim uniríamos o útil ao divertido. Devo encaminhar a proposta à alguma emissora?

Mito e Realidade

Posted: terça-feira, 11 de agosto de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in
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Nos dias 15 e 22 de agosto o projeto Diálogos, leituras contemporâneas debruça-se sobre o mito e sua função, uso e pertença na sociedade contemporânea. Para tanto se encontram Emmanuel Guimarães Lisboa e André Prosperi, ambos levantarão questões sobre o mito, porém Lisboa partirá das reflexões de Mircea Eliade e Karen Armstrong para debater textos que confirmem o mito como um estatuto de nosso tempo. Prosperi, por sua vez, aludirá à filosofia de Francis Bacon para compreender as impossibilidade do mito no mundo em que vivemos.

Os encontros serão às 14h no anfiteatro Pedro Dias Gonçalves na Biblioteca Monteiro Lobato – centro de Guarulhos. Maiores informações no telefone: 2087-6900.

A força vital é a vontade de viver

Posted: quarta-feira, 5 de agosto de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Há alguns anos assisti uma entrevista de Oscar Niemeyer para o Roberto D´Avila e quando ele disse que precisava encerrá-la, porque teria aula de filosofia, fiquei surpreso. Na ocasião Oscar estava, – se me lembro bem –, com 97 anos. O cara era o maior arquiteto brasileiro, um dos maiores e mais influentes do mundo e ainda precisava estudar?
Aquilo me desconcertou, estava eu com vinte poucos anos e sempre gostei dos estudos, mas também curtia os prazeres do ócio. Após a entrevista fiquei pensando o que impelia Niemeyer a continuar estudando aos 97 anos? Suas obras eram conhecidas e reconhecidas no mundo todo, já tinha alcançado o ápice em sua carreira, já tinha feito fortuna. Convenhamos uma pessoa aos 97 anos depois de atingir todas as expectativas de sua vida mereceria apenas descansar.
Com o passar dos anos descobri o motivo de Niemeyer estar com, hoje, 102 anos e ainda na ativa, é a vontade de viver, e ele mostra essa vontade, vivendo, ou seja, continua fazendo as coisas que lhe dão prazer.
Outro que me deixou perplexo e, confesso, emocionado foi o nosso vice-presidente José Alencar, de 77 anos e que luta contra um câncer há 12. Alencar já passou por 14 cirurgias, só este mês por 2, mas mesmo assim se mostra perseverante e confiante na vitória contra a doença.
Talvez o que motiva Oscar Niemeyer motiva José Alencar, é a força vital.Viver entrando e saindo de hospitais, fazendo tratamentos há 12 anos é necessário muita vontade. A vontade de viver de cada um de nós é do tamanho de nossos sonhos e de nossa disposição para trabalhar, só vivemos se temos um motivo, um porquê e diferente do que pregam as novelas não é o amor é o trabalho.