A Lenda do Menino Gênio
Posted: segunda-feira, 12 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores: Roberta VillaProve a maçã imatura
e envenena-te do caldo
de tua própria criatura
da salíva de tua falácia
que envolve e deglute as teorias.
Em verdade te digo
o sangue da tua língua, então, mordida
Ilustra uma dor tão enrustida
em teu ego delira,
te deixa tão azedo
- doença de alibido
Conheço quem se ache gênio
Ora, mas que falta de engenho
que visão mais curta
muito bem demonstra
o desdobramento
do pensamento pequeno
O saber quando é sublime
não se personifica
se derrama em sua história
usurpa corpos predispostos
em diversos lugares e momentos
Ora, pode um homem
único homem
ser assim tão onisciente?
Declarado, o gênio reflete
a ignorância mais insegura
O gênio desta espécie
é a cabeça duma mula
O gênio ao espelho
é o saci e a curupira
com todas suas pistas
e todo seu mistério
que ningém aprisiona
não cabe em recipiente hermético
não se captura
a esfera da sua sofia e ciência
a atmosfera de desmentira e inverdade
que só o mito e a arte
articula
Pode o gênio ser e estar
num único homem carne e credo ?
Busco tão somente o gênio
quando percebo-o numa estrutura
-camada para além da humanidade
de signo, sol, sombra e linguagem.