Por quê poesia não vende?
Posted: quarta-feira, 20 de maio de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: crônicas, Fabiano GarcezEstive conversando com uns amigos, conversamos muito, e não conseguimos chegar a uma conclusão/solução, ou melhor, nem chegamos, depois de desfazer a pergunta, ficamos estagnados no início: Poesia não vende, ponto.
Talvez seria porque poesia não é necessária, mas consumimos muitas coisas que também não são. Compramos badulaques, trecos, até camisas, calças, sapatos que nunca usamos. Vi em um programa de televisão uma figura que tinha mais de cento e cinquenta pares de sapatos, se ela usasse todo dia um, coisa que duvido, ficaria cinco meses desfilando de sapato diferente, será que isso é necessário? Assisti o programa e nem sabia porque, logo não era necessário, mas eu estava lá, em frente a tv, consumindo essa porcaria! E o pior que tenho prova em minha, mal dita, memória!
E por que diabos que essas pessoas não consomem poesia? Os grandes, Drummnond, Pessoa, Quintana, Bandeira, até eles, sofrem com as vendas pífias, agora os pequenos, os poetas contemporâneos, aqueles que encontramos no bar ou na rua, coitados, nem se fala.
Creio que a sociedade moderna tornou o homem tão egoísta, que ele não está disposto para ter uma nova perspectiva, uma nova visão sobre um tema e até mesmo uma dor de cotovelo que não seja a dele mesmo. Muita informação esse homem recebe, mas a poesia não é apenas informação, ela dá recados ao coração, à alma, a sensibilidade desse homem, que não está acostumado, ou até, nem saiba que existe nele um coração, uma alma e a sensibilidade, e pior ainda! Talvez nem exista mesmo, vai ver o homem moderno já venha sem esses itens de fábrica.
Como já disse o grande poeta Roberto Piva: A poesia entendida como "instrumento de Libertação Psicológica e Total, como a mais fascinante Orgia ao alcance do Homem"
Por que poesia não vende? Que pergunta dificílima... Por que o Show da Madona vende? Essa é um pouco mais fácil
Isso dá muito pano pra manga... vejamos:
Se a poesia se adequasse às estratégias de marketing, ao mercado do entretenimento, ao "mal gosto" em geral, levantaríamos revoltados: "Isso não é poesia, a poesia não faz aos sabores do mercado, seja ele qual for!". E começaríamos a tomar por poesia aquela que "não se vende" aos sabores do mercado, seja ele qual for. E perguntaríamos: Por que não se vende poesia?
Pronto! Poesia não vende porque não é "vendida". Mas será que a resposta se resume nesta tautologia? Vamos mais adiante: a poesia não é "vendida", mas poderia ser comprada por quem aprecia a poesia que não "se vende", ou seja, por quem escreve poesia que não "se vende" ou por quem ganha dinheiro estudando uma poesia que não dá dinheiro. Acontece que isso já acontece.
Tá bom. Talvez a pergunta seja: por que ninguém consome poesia? Se as pessoas fossem mais cultas, gostassem de ler, de pensar, etc. a poesia que não "se vende" seria vendida? Temo a incoerência do enunciado...
Formulemos outro: será que a poesia deve vender?
Permitam a mim que eu tire o cu da reta.