A Catequista
Posted: domingo, 10 de maio de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos inEm qual brecha, qual cochilo meu
você – xereta - aconchegou-se neste
fugaz coração ?
Agora sou sarjeta inerte, ultrajado
esperando tua gorjeta,
sou um fantoche paisano e gentil
Qual saída ou saidera conduz-me a teu paço ?
O que anestesia, paralisa teu esplendido passo ?
Não há sossego
tua face é majestade onde floresce meu apego
Espontâneo meu caminho de ser o excêntrico servo
bobo da corte sozinho
Suave o teu traje:
num tecido de cetim, um vestido bege
Maquiada de virgem oscilando o consenso
da vertigem obscena e do trejeito angelical
Talvez tua proeza está no justo deslize
de catequizar o imoral
Você é o êxtase dum sentimento framboesa
narcótica cor cereja de uma ânsia
corrompido néctar de jiló
gelo, queima ácido
Estende-me uma luxuria como um firme aço
Um querer inesgotável, diariamente assíduo
Qual jejum me purifica ? desconheço
Qual monge traz a paz ? a consciência confusa
Qual xarope me cura? anulo toda ciência
Qual pajé me guia? não assumo culpa
Qual sargento me dá ordem?
vou matar o meu algoz !
Obcecado, discipulado teus atos
tão docentes
Minha indecente pretensão instintamente acende
Desperta-me um fascista tosco, não dispersa
Um fanático terrorista, voraz cafajeste
dizendo: não desista”
É a tua catequese que instiga
a nua vil beleza do suor impuro
Todo sujeito esconde um sentimento brejeiro
lama pro predicado sujo
Rixa com a vida alheia não me interessa
Só um desabafo laxativo - ninguém no mundo presta!
Desculpem o desacato estou louco, sem juízo!
Não desprezo os santos, não ironizo os puritanos
nem quero perder o paraíso
Mas conheci ti, o Éden, e preciso morder a maçã
Minha inocência se afrouxa na praxe do profano
apesar de toda reza