Os diálogos que ainda restam

Posted: quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores:
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Eryck Magalhães
Ao debruçar-se sobre a história literária e estudar minuciosamente toda a sua trajetória, deparamo-nos com uma imensa gama de textos, temas e estilos. Diante disso, o impasse: Ainda restam diálogos? Ainda há o que contar? O poeta Fabiano Fernandes Garcez, através de seus belos versos, mostra que sim, e o faz com muita propriedade. Em seus “Diálogos que ainda restam”,poema a poema, o autor revela a capacidade que a poesia tem de se reinventar.
No poema “Diálogos”, o poeta aborda a banalização do uso das palavras, que por ora, parecem vazias em si mesmas: “Não sinto a profundidade / em todos os diálogos”. O bucolismo é outra vertente que também se faz presente, principalmente no belíssimo poema “Minha preferida” o qual nos remete aos poemas árcades. Porém, o eu-lírico, apesar de se mostrar saudosista, faz referência a seu tempo: “Ah! Colhe flores / Hoje ninguém mais faz isso / Colhe flores!”. A inquietude do homem contemporâneo consigo mesmo já é outra temática deste poeta multifacetado, e para abordá-la, o autor lança mão da intertextualidade nos poemas “Eu não sou eu” e “Sou nada”. Já no poema “Mulher”, a figura feminina é literalmente divinizada: “Para mim, Deus é mulher”. Entretanto, um erotismo que se mostra inocente permeia nos vãos dos versos: “de colo e seios fartos, para nos confortar”. Em uma série de poemas sobre “As Lembranças de Minha Avó”, o poeta faz sua reverência à importância que as mães de nossas mães tem em nossas vidas.
Sem mais delongas, que muitos outros diálogos ainda restem e que ecoem nos versos deste poeta.